LINHA DO MINHO

OBSERVATÓRIO DE IMPRENSA SOBRE O MUNICÍPIO DE VILA NOVA DE FAMALICÃO (PORTUGAL). ESTE BLOG COLOCARÁ DISPONÍVEIS NOTÍCIAS E OPINIÕES CONSIDERADAS RELEVANTES, QUE ESTEJAM DISPONÍVEIS ONLINE EM ÓRGÃOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL, EM SITES INSTITUCIONAIS E NA BLOGOSFERA. Envie informações, notícias, comentários ou fotografias para: observatoriovnf@gmail.com

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Mulher morta em casa estava grávida

Não se lhe conheciam hábitos quotidianos ou amigos. Vivia, aparentemente só, num apartamento do quinto andar, na Rua José Vilaça, em Braga, cuja renda, dizem os vizinhos, não pagava há uns tempos. Grávida de oito meses, foi encontrada morta, aos pés da cama, anteontem à tarde, em circunstâncias que a Polícia Judiciária está ainda a investigar.
Segundo fonte policial, pelo avançado estado de decomposição do cadáver, a morte terá ocorrido há cerca de dois meses. Um caso muito estranho, que deixa intrigadas as próprias autoridades, porque, durante todo esse tempo, ninguém terá dado pela falta da mulher. Nem vizinhos nem qualquer amigo ou familiar participou o seu provável desaparecimento. Além disso, a Polícia teve imensa dificuldade em identificar a vítima, uma vez que não tinha em casa qualquer documento pessoal que pudesse ajudar a descortinar algum familiar, além de correspondência.
No prédio, todos tentam, horrorizados, unir as peças de um puzzle misterioso. Muitos nem sequer sabiam da gravidez. A vizinha que chamou a Polícia, estranhando o mau cheiro no andar, esconde-se no anonimato, mas vai dizendo o que sabe. Há cartas dirigidas a Fernanda Gonçalves que ficaram por abrir, uma das quais do tribunal. "Era uma pessoa que saía pouco de casa, não trabalhava nem nada. Tinha um aspecto desmazelado e apático", recorda a vizinha, que garante que a jovem vivia ali, "pelo menos, há dois anos".
A vítima tinha 28 anos e sabe-se que era oriunda de Vila Nova de Famalicão. "A única pessoa que vi, uma vez, a entrar em casa dela foi um cidadão de Leste, um ucraniano", relembram. Ao que se diz, a mulher estaria de relações cortadas com a família. Os vizinhos falam da existência de um outro filho, cuja guarda permanece uma incógnita. Já não era, de resto, a primeira vez que a Polícia era chamada ao local. "Há algum tempo, estiveram aí agentes a arrombar-lhe a porta, porque ela disse a um senhor que se ia matar. Sei que foi essa pessoa que avisou as autoridades, mas não sei quem seria. Estiveram mais de duas horas a tentar abrir a porta e ela, só passado aquele tempo todo, perguntou quem era". Os contornos actuais, bem mais trágicos, surgem aos vizinhos, em forma de pesadelo. "Até sonhei com isso. Isto é horrível", alega a inquilina que deu o alerta, às 16.30 horas de anteontem. "Cheirava-me a lixo, mas afinal era bem pior", conta.
A mulher foi encontrada, com as pernas debaixo da cama, e as autoridades, sem descartar ainda a hipótese de crime, ponderam a possibilidade de uma queda ou desmaio, que, por falta de ajuda na altura, possa ter-lhe provocado a morte. Suspeitas que só o curso da investigação poderá confirmar. A autópsia, que será hoje realizada, no Hospital de S. Marcos, em Braga, pode, também, dar um forte contributo se se conseguir apurar o que terá estado na origem da morte da jovem solitária.
Fonte: Jornal de Notícias, 25-01-2007